segunda-feira, 4 de abril de 2011

Por que algumas empresas falham em promover mudanças

No mundo corporativo atual é impossível fugir das mudanças e cada vez mais as organizações serão levadas a criar oportunidades de crescimento, reduzir custos, melhorar a qualidade de produtos e serviços e promover o aumento de produtividade se quiserem continuar no mercado. A mudança é uma necessidade constante e vários são os fatores que a provocam entre eles os avanços tecnológicos, as pressões do mercado (parceiros, fornecedores, concorrentes) e as decisões de acionistas. Em alguns casos os esforços de mudança ajudaram organizações a se adaptarem de forma significativa às condições de transformação, aprimorando sua posição competitiva e preparando um futuro melhor. Em outras situações as mudanças propostas não só decepcionaram, mas criaram um quadro de recursos humanos desperdiçados com funcionários dispensados ou apreensivos e frustrados com as perspectivas impostas em nome da transformação.

Pela minha experiência e segundo vários especialistas uma boa quantidade de perda para as organizações e angústia para os colaboradores poderia ser evitada se os erros mais comuns não fossem cometidos por acionistas e executivos de organizações que decidem ou precisam implementar mudanças. São eles:

ERRO Nº 1: Não comunicar a necessidade e importância da mudança. O que precisa ser mudado? Por que precisa ser mudado? Que benefícios a organização e os que a fazem vão colher? Uma grande mudança é impossível a menos que a maioria dos funcionários deseje mudar e para isso eles precisam ser ouvidos e suas dúvidas esclarecidas. Não se realizam mudanças com algumas poucas reuniões de acionistas e executivos trancados em salas de trabalho. Também não é possível obter resultados quando acionistas, a alta gerência e gerentes ficam em silêncio. Nada prejudica mais uma organização do que a falta de comunicação clara, objetiva e confiável. Quando os benefícios da mudança não são claros e atraentes e a maioria percebe que não vai ser beneficiada, a falta de confiança no projeto proposto impedirá que corações e mentes dos funcionários sejam conquistados. Desta forma, a mudança vai fracassar.


ERRO Nº 2: Impor a mudança. O maior equívoco que acionistas e diretores cometem ao tentar implementar mudanças numa organização é superestimar sua capacidade de impulsionar seus projetos levando em consideração apenas a posição e interesse dos proprietários e subestimar a importância das pessoas e que fazem a organização acontecer. Mudanças numa organização não podem ser impostas com ameaças. Se os que fazem a organização não entendem ou não concordam com a mudança eles não estarão dispostos a fazer sacrifícios e vão resistir às iniciativas de seus superiores. Indivíduos isolados, em grandes e tradicionais organizações, independente de sua competência ou carisma, nunca possuem as qualidades necessárias para vencer a maioria por meio da força.


ERRO Nº 3: Falhar na criação da massa crítica comprometida com a mudança. Grandes mudanças são impossíveis a menos que a maioria esteja envolvida e comprometida com o processo. Os acionistas, os diretores, os gerentes, os coordenadores, os supervisores precisam ter a mesma Visão da Mudança e estar alinhados com o projeto aceitando sua validade e importância. Se há discordância entre os líderes da organização a mudança não ocorrerá. Outra questão, que deveria ser óbvia, mas parece ser ignorada por grandes e tradicionais empresas é a importância do exemplo que ainda é a melhor forma de influenciar as pessoas, pois os atos sempre falam mais alto que as palavras. Acionistas e Executivos que propõem cortes e reduções de custos enquanto esbanjam despesas de seu interesse jamais motivarão a organização na direção da mudança.


ERRO Nº 4: Não compartilhar as vitórias e resultados obtidos com a mudança. Verdadeiras transformações levam tempo e exigem esforço de todos. Se os resultados positivos da mudança, ainda que parciais, não são compartilhados com os membros da organização (seja sob a forma de investimento em pessoal ou capacitação, seja em infra-estrutura, máquinas, equipamentos ou participações nos lucros obtidos com as reduções adicionais de custos e etc.) haverá desistência ou resistência ativa. As conquistas da mudança devem ser compartilhadas com reconhecimento, promoções e remuneração adicional. Não compartilhar as vitórias obtidas com a mudança desencoraja e frustra os membros da organização.


ERRO Nº 5: Negligenciar a cultura da organização e da sociedade na qual ela esta inserida. Reforçando o conceito ultrapassado, mas infelizmente ainda vigente em muitos casos, de que ¨santo da casa não faz milagres¨ e de que quem vem de fora é mais qualificado que valores profissionais locais, muitas organizações podem optar por ¨importar¨ profissionais que, por mais capacitados que sejam, são insensíveis às questões culturais e da sociedade na qual ela esta inserida. Assim, pessoas da área financeira economicamente orientadas ou engenheiros de natureza analítica podem achar que normas e valores sociais da organização e da sociedade na qual ela esta inserida estão muito fora de suas realidades e ignoram a cultura da empresa – por sua conta e risco.

Estes erros trazem prejuízos e comprometem o sucesso de qualquer organização. Infelizmente empresários acostumados com ambientes outrora estáveis, pouco competitivos ou do tipo cartel podem levar mais tempo para perceber que a realidade do mercado hoje é de uma instabilidade cada vez maior. É necessário então que estes empresários promovam, antes de tudo, mudanças de mentalidade e se capacitem para serem capazes de buscar e promover mudanças na organização.


Permitir que estes erros ocorram num processo de transformação organizacional pode trazer sérias conseqüências para a organização como a perda de mercado e a perda de credibilidade sem falar na frustração e o grande estresse sobre os funcionários cujo impacto sobre suas famílias e na comunidade pode ser devastador. É possível, no entanto, evitar estes erros com consciência e habilidade para entender por que as empresas precisam mudar. Mais do que gerentes e diretores, as organizações necessitam de lideranças capazes, sadias e comprometidas com o objetivo de servir à organização, seus colaboradores e a comunidade. Aos empresários e acionistas cabe o papel de permitir que os que tem competência para conduzir a organização façam o que precisa ser feito.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O QUE VOCÊ REALMENTE QUER PARA VOCÊ?

1º de abril. Lá se foram 90 dias de 2011. Três meses. Há algum tempo escolhi começar o ano estabelecendo uma série de metas pessoais e profissionais. Hoje estou fazendo uma análise do que já consegui atingir e o que ainda falta ser feito para chegar aonde quero. Faço isso há algum tempo porque aprendi que é difícil encontrar o contentamento sem propósitos na vida. Quando não temos ou não sabemos o propósito de nossas vidas não compreendemos seu significado e é muito mais fácil ficar confuso, perdido. Mas, algo me diz que, como na fábula zen budista citada em meu post de 1º de janeiro, talvez algumas pessoas ainda estejam passando grande parte do dia ¨pensando coisas nas quais não deveriam pensar, desejando coisas que não deveriam desejar, fazendo planos que não deveriam fazer.¨

O filósofo e terapeuta Lou Marinoff considerou a falta objetivos pessoais a grande praga do século 20. Até agora isso não parece ser diferente se considerarmos a primeira década do século 21. Tenho testemunhado amigos próximos, familiares e até profissionais que parecem estar completamente perdidos e à toa. Como folhas secas ao vento eles são levados pelas circunstâncias ou desejos que não conseguem controlar e são incapazes de avançar, crescer – seja em que sentido for – pela falta de objetivos e metas e pela falta de disciplina, determinação e força de vontade para cumpri-los e atingi-los. Pessoas capazes e com potencial que carecem de um senso de objetivo ou significado em suas vidas, que se excedem e o pior, parece que isso passou a ser normal.

Tenho pensado e lido muito a respeito deste assunto e ao contrário do se pode imaginar, de acordo com muitos pensadores e autores, aprendi que o maior responsável pela mediocridade na vida das pessoas não é a falta de oportunidades, mas seu excesso. Segundo estes estudos, é o excesso de oportunidades que dissipa as energias e divide os pensamentos em tantos assuntos e em tantas direções diferentes que, ao invés de criar um foco seguro que sirva de guia as pessoas se tornam vítimas da dúvida, insegurança e, conseqüentemente, da fraqueza.

É fácil perceber que no mundo em que vivemos o ambiente impõe circunstâncias que forçam as pessoas a fazer muitas escolhas o tempo todo. São encruzilhadas com várias opções e sem objetivos claros e específicos para manter o foco é natural que a dúvida paralise e disperse os esforços. Para completar, a própria natureza do ser humano é confusa, complexa e uma mistura de desejos e contradições. A cada momento surge algo novo que ¨não podemos deixar de fazer¨. A dúvida entre fazer ou não cria a letargia que vejo estampada nos rostos de muitas pessoas. Sem direção e propósito elas vagam sem obejtivos que as guiem e as oriente diante das escolhas diárias.

Enquanto tentava colocar no papel as idéias que compõem este texto, me deparei com um história contada no livro Footprints of Gautama Budha: Um monge estava tendo problemas com seu progresso e por ser monge sua meta era o progresso espiritual. Freqüentemente ele voltava “à vida superficial da Terra”. Desanimado, o monge procurou Buda, que logo compreendeu a causa do problema e apontou para uma galinha numa moita. Havia dez ovos no ninho, mas nenhum pintinho. A galinha andava de lá para cá, em vez de chocar os ovos. Mesmo quando chocava, revirava-os com os pés, esperando que rachassem e alguns biquinhos aparecessem. Porém, não tinha sucesso. Buda disse: “Aquela galinha queria muito os filhotes, mas ela não os deixou nascer porque não chocou os ovos. As coisas não vêm apenas pelo desejo.”

Mais do que desejar que você seja capaz de fazer escolhas e estabelecer metas que o ajudem a extrair o máximo de seu potencial, escrevi este texto na esperança de chamar sua atenção para o tema e contribuir para que você reflita e tenha força e determinação para atingir suas metas. Pare de andar para lá e para cá. Faça suas escolhas e dê tempo suficiente para as coisas acontecerem através da ação focada. Nunca retroceda, nunca desista.

Murilo Lima, 1º de abril de 2011