segunda-feira, 13 de abril de 2009

Efeito Obama

A grande novidade da política mundial nos últimos tempos foi a eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. De perfil exótico – negro de nome africano e sobrenome árabe, pais separados, padrasto oriental, tendo vivido na Indonésia para depois ser criado por avós brancos e convivido com a elite branca dos EUA em duas universidades de ponta como Columbia e Harvard – Obama encarna e reflete a diversidade das relações humanas e do mundo atual. Ele foi capaz de mobilizar os mais jovens e desligados da política, a chamada geração Y, num país onde o voto não é obrigatório. Esteve atento ao poder das novas mídias e se destacou por conduzir sua campanha de forma bem diferente do cenário político tradicional. Utilizou como nenhum outro candidato as redes sociais virtuais, como o Facebook, e o Youtube e o site oficial de sua campanha foi considerado o mais dinâmico oferecendo vídeos, ringtones, fotos e outras funcionalidades para dar aos internautas uma razão para voltar sempre, entre outras estratégias de marketing.

Enquanto isso, nas terras de Sergipe Del Rey, Schubert Roberto Fontes Souza, o Biriba, 10 anos quer ser prefeito de São Cristovão. Biriba ficou nacionalmente conhecido depois de sua aparição no programa de Luciano Huck na Rede Globo no final do ano passado. Junto com seus pais adotivos, e outros 52 irmãos, Biriba teve a oportunidade de demonstrar sua ¨consciência¨ política. São Cristovão em sua opinião – publicada no Jornal Cinform de 07 a 11/12 de 2008 – precisa de um ¨prefeito que seja honesto, trabalhador e ainda não apareceu um tão bom¨. Uma comunidade no Orkut apóia sua candidatura para 2020: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=79428257

O Efeito Obama e as ambições políticas do Biriba nos convidam a uma reflexão: Que características deve ter o político do futuro?

O político do futuro terá de entender de novas tecnologias. Não apenas discursar sobre a importância da inclusão digital, que é fundamental, mas ter em sua agenda o conhecimento, a defesa e a prática – antes durante e depois das eleições - de ferramentas colaborativas como a web 2.0 e as licenças em creative commons, já utilizada pelo site da Casa Branca, para regulação dos direitos autorais, por exemplo.

O político do futuro tem de entender sobre as atividades econômicas num sentido mais amplo. Entender os mercados e seus nichos e a importância dos segmentos econômicos culturais. Políticos alheios às questões macroeconômicas ou acostumados a praticar a economia das oligarquias estão fadados ao fracasso. Compreender o impacto da internet na economia mundial nos anos que estão por vir também será essencial.

O político do futuro tem de ter em mente que, de acordo com o Banco Mundial, detemos o triste título de a maior desigualdade do planeta o que ameaça nossa sustentabilidade não só econômica, mas moral. Ele deverá combater o desperdício de talentos, quaisquer que sejam eles, e contribuir para a implantação de políticas que beneficiem genuinamente – e não apenas demagogicamente – ações de inclusão e preferência que beneficiem os excluídos e possibilitem o acesso a estudo de qualidade. Ele deverá trabalhar pelo fim do meio acadêmico atual completamente alienado da realidade brasileira.

O político do futuro deve ser ambientalista. Não apenas discursar sobre a criação de reservas, a preservação das matas e das fontes de água doce ou a redução das emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. Ele deverá ser capaz de trabalhar para traduzir toda essa retórica em ações práticas nas comunidades locais. A implantação e valorização do transporte público barato e limpo, ações concretas de educação ambiental nas escolas e universidades, pressão sobre a iniciativa privada para a reciclagem obrigatória e sistemática com compensação da emissão de carbono e a criação de parques sustentáveis são ações essenciais e urgentes.

Todos estes pontos e muitos outros devem estar na agenda do Biriba e de qualquer outro aspirante a política séria e comprometida com o verdadeiro desenvolvimento de nossa nação. Em sua realidade, os americanos perceberam a necessidade da mudança, mesmo com um histórico recente de escravidão e apartheid racial, e escolheram o futuro a McCain. Políticos sem estas características são oportunistas, representam o passado e o continuísmo das desigualdades e do desperdício de valores e talentos e contribuem com as injustiças e erros que vivemos hoje. Eles não merecem outra chance. E aqui em nossa terra? Quem é quem?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Natureza em Alerta

De acordo com registros históricos, a presença do homem na terra é um fenômeno recente se comparada com o processo de evolução da vida no planeta. Considerando todo o tempo de formação e evolução do planeta, 4.5 bilhões de anos, a presença de espécie humana representa apenas 0,001% deste tempo.

A passagem do período Paleolítico, caracterizado pelas sociedades nômades e coletoras, para o período Neolítico, no qual o homem se fixa, cresce, desenvolve a agricultura e se expande na terra, marca o início de um processo contínuo de intervenções no ambiente. Esta evolução representou uma mudança na relação sociedade-natureza: de uma noção orgânica e sagrada da natureza das sociedades nômades, dependentes de seu ritmo, para a idéia dicotomizada entre homem e natureza dos filósofos do período clássico grego, entre eles Sócrates, Platão e Aristóteles. Com a posterior influência da tradição judaico-cristã e a afirmação de que “Deus criou o homem à sua imagem e semelhança¨ e que ¨o homem recebeu de Deus a capacidade para presidir aos peixes do mar, e as aves do céu, a aos animais selváticos, e a toda a terra para sujeita-la e dominá-la (vide Gênesis 1:26-31), a oposição homem-natureza se concretiza.
Como conseqüência deste processo lento e gradual de intervenção, caracterizado pela domesticação de elementos naturais e das espécies, surgem as primeiras paisagens artificiais naturalizadas com o passar do tempo que interferem na dinâmica dos ecossistemas. Além das religiões monoteístas, a filosofia grega, a ética antropocêntrica e o paradigma mecanicista dos séculos XVII e XVIII consolidam a ruptura no modo como a natureza é vista e como o homem passa a se relacionar com ela. A Revolução Industrial e a consolidação do sistema capitalista, no ocidente, refletem a oposição do homem à natureza. Ele se vê livre para apreendê-la pela razão, dominá-la e transformá-la em mercadoria.
Sob este panorama histórico, podemos afirmar que, a crise ambiental é um resultado da tentativa do homem de controlar a dinâmica dos ecossistemas de forma inconseqüente e desmedida. Até então, a ausência de visão e planejamento de ações a longo prazo fazem com que o homem continue interferindo no meio ambiente descaracterizando paisagens de valor cultural, dizimando espécies, gerando problemas sociais como o crescimento desordenado das populações acentuando assim as desigualdades de classe.

Portanto, a crise ambiental da atualidade é conseqüência da intervenção do homem sobre o meio num longo processo que se acelerou com a industrialização e a urbanização das cidades. Ao se dar conta das limitações das reservas naturais e do esgotamento futuro surge um novo desafio para humanidade, como redefinir a nossa relação com o meio ambiente no intento de assegurarmos o futuro da nossa espécie?