terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O TESTE DO MARSHMALLOW

Nos anos 60, Walter Mischel, psicólogo especialista em teoria da personalidade e psicologia social da Universidade de Stanford, realizou uma pesquisa com pré-escolares de quatro anos de idade, ao quais propôs um dilema simples, mas que acabou sendo um verdadeiro desafio para crianças dessa idade.

Ele propunha sair da sala e voltar em 20 minutos deixando as crianças com um tablete de chocolate. Quem quisesse poderia comer o tablete de chocolate, mas quem esperasse ele voltar, ganharia dois tabletes. Desenvolvia-se nelas um tremendo debate interior: a luta entre o impulso de comer imediatamente o chocolate e o desejo de se controlar para alcançar, mais adiante, um objetivo melhor.

Mischel usou originalmente chocolates. No video abaixo vemos o mesmo teste sendo aplicado com marshmallows. Observe atentamente o comportamento das crianças.


O vídeo demonstra o conflito entre o desejo primário e o autocontrole, entre a gratificação imediata e seu adiamento por um resultado melhor no futuro próximo. O que vemos no vídeo é o reflexo da vida de qualquer ser humano, pois talvez não haja habilidade psicológica mais essencial do que a capacidade de resistir a um impulso: o fundamento de qualquer tipo de autocontrole emocional.

Vivemos em tempos hedonistas. Algo bem diferente do que Epicuro e outros representantes conceberam com esta doutrina filosófico-moral, surgida na Grécia antiga, que buscava o prazer como a felicidade para o maior número de pessoas.

O hedonismo de hoje tem a ver com uma atitude de vida voltada para a busca egoísta de prazeres momentâneos. Muitos vivem como se não fosse haver um amanhã, portanto, os excessos são uma constante e não há limites. Não importa as consequências. Não importa o amanhã. O prazer imediato é o objetivo final. Nesse sentido o termo hoje é usado de maneira pejorativa, visto normalmente como sinal de decadência.



Todos nós temos emoções e toda emoção supõe uma vontade de agir, mas nem sempre a satisfação deste desejo será oportuna ou recomendada. A capacidade de resistir aos impulsos, adiando ou se esquivando de uma gratificação imediata para alcançar outras metas - seja a de ser aprovado em um exame, comprar uma casa, montar um negócio ou ainda a de manter-se dentro de certos princípios morais e éticos - é parte essencial da capacidade do ser humano de governar a si mesmo.

Quando esta habilidade não é cultivada desde cedo tem-se os resultados vistos hoje cada vez com maior frequência: adultos impulsivos, obesos, sem disciplina - dependentes de algum tipo de droga lícita ou ilícita, falidos ou altamente endividados - que vagam pela vida qual folha seca ao vento incapazes de atingir objetivos de médio e longo prazo porque são fracos demais para dizer ¨não¨ a impulsos e desejos de gratificação imediata. Adultos que não conseguem passar nos ¨testes do marshmallow¨ da vida porque não têm inteligência emocional suficiente para se conter diante da gratificação imediata.

                                          

Controlar os impulsos e adiar a gratificação imediata constitui uma faculdade fundamental, tanto para quem quer cursar uma faculdade, construir uma carreira, ser uma pessoa honrada ou cultivar bons amigos. Conclui-se, portanto, que tudo o que for possível fazer no sentido de educação - ou de auto-educação - para estimular a capacidade de adiar uma gratificação faz toda a diferença ao longo da vida.

Walter Mischel acompanhou durante mais de 15 anos as crianças testadas. Alguns anos depois, a maior parte dos meninos e meninas, que em sua infância tinham conseguido resistir àquela espera, ao atingirem a adolescência tornaram-se notavelmente mais empreendedores, equilibrados e sociáveis. Dez ou doze anos mais tarde elas eram pessoas bem menos propensas a desmoralizarem-se, mais resistentes às frustrações, mais decididas e estáveis.

E então? Como você está se saindo nos ¨testes do marshmallow¨ da vida?


2 comentários: